O QUE É EDUCAÇÃO PATRIMONIAL?
Cidades como Búzios – RJ, Parati – RJ, São Matinho da Serra – RS, São Borja – RS, Ouro Preto – MG entre outras são consideradas Patrimônio Cultural devido a grande riqueza história conservada em seus prédios do período colonial e que através deles transferem para o público uma narrativa poética que contribui para a construção de uma identidade cultual nacional coletiva. Suas ruas, vielas, igrejas são capítulos vivos de um passado presente que contam suas histórias em forma de narrativas poéticas.
Educar para a preservação e valorização do Patrimônio Cultural Nacional é transmitir para as gerações vindouras uma história que é de todos nós, e que quando é compartilhada nos da sentido, não faz pertencer a um todo coletivo que chamamos de nação. O Patrimônio material edificado é a materialização do passado, é algo que nos faz pensar o presente para mudarmos o futuro.
A Educação Patrimonial envolve dois princípios basilares da formação social de uma cidade, em cidades como as citadas no início do texto, o imenso potencial histórico emerge do solo e exige a integração desses dois pilares, a Educação e o Patrimônio. São eles que diariamente em seus princípios basilares de condução, pedagogização e valorização dos patrimônios históricos constroem uma memória coletiva compartilhada por todos que circulam e absorvem a vida e a história de todos e todas que circulam por nossas cidades históricas.
Desta forma, a Arqueologia se integra a essa necessidade de um projeto constante de Educação Patrimonial. Com base na legislação arqueológica vigente, que prevê o desenvolvimento de Projetos de Educação Patrimonial que contemple uma proposta preliminar de utilização futura do material produzido para fins científicos, culturais e educacionais o que em segunda instância insere a Educação Patrimonial como uma necessidade coletiva e educacional integrada.
“A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido.” (GUIA BÁSICO DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL/IPHAN). Neste sentido, o processo de Educação é constante, com práticas metodológicas específicas e ações coordenada inter e multidisciplinares que envolvem a Arqueologia, a História, a Sociologia, a Pedagogia e o outras ciências complementares ao processo formativo.
Paul Ricoeur, filósofo e pensador contemporâneo nos oferece uma boa reflexão sobre a interface entre o Patrimônio e a memória, entendendo essa segunda como parte do processo mental de ensino-aprendizagem. Ao elaborar suas teses ele argumenta sobre o esquecimento, o que se deve esquecer e o que se deve lembrar, destas questões surge a necessidade narrativa de buscarmos em nossa memória aquilo que não foi trabalhado enquanto categoria formativa de uma educação para a memória. Valorizar e preservar o Patrimônio material através de processos educativos é dialogar coma tríade "Memória, História e Esquecimento" e promover um exercício salutar de construção coletiva de sentido histórico.
Educar com o Patrimônio é um diálogo necessário na sociedade contemporânea, para além dos meandros da arqueologia, ou da ciência acadêmica, a educação deve ser respeitada em seus processos e reconhecida como esse pilar necessário para uma coletividade que seja em sua identidade mais humana, e por isso a necessidade de uma Educação Patrimonial..