O QUE É ARQUEOLOGIA?
A pergunta título desse texto é recorrente entre curiosos e até acadêmicos, e faz parte da dura tarefa do Arqueólogo, que é definir o que ele faz. Desde seu surgimento a Arqueologia transita entre as Ciências Humanas como História, Sociologia e Antropologia, pairando sob um certo ar de ciência exótica. Muito desse perfil, misterioso e aventureiro advém também da influência do cinema, quem não lembra dos filmes do Indiana Jones? Mas para além do fetiche aventureiro a Arqueologia é uma ciência com método e técnica muito específicas.
De uma forma bem direta a Arqueologia é a ciência que estuda a produção material dos seres humanos, ou seja, tudo aquilo que nós arqueólogos definimos como “cultura material”. Tania Andrade Lima Arqueóloga da UFRJ defende que “nessa linha de pensamento, a cultura material foi entendida como um reflexo passivo da cultura (...)” (LIMA, 2011), a materialidade de processos de interação social que são em si a própria cultura.
“Conforme defende Funari (2003), a Arqueologia se caracteriza como uma ciência que se debruça sobre o estudo da materialidade elaborada pelas sociedades humanas como um dos aspectos de sua cultura – em sentido amplo – sem limitar-se ao caráter cronológico. A Arqueologia, portanto, é uma das disciplinas científicas que estudam as relações entre cultura material e sociedades estabelecidas na longa duração.” (IPHAN)
A arqueologia de forma didática, é a materialização da história, é a ciência que através de seus métodos e técnicas, torna a história palpável e oferece uma interação com outras ciências que permite o entendimento da realidade através da dimensão material. Prédios, utensílios domésticos, artefatos são objetos de estudo do arqueólogo que lê esses como documentos e nos oferece uma interpretação a partir dessas fontes.
Não somos caçadores de tesouros!
Muita gente confunde o Arqueólogo com um caçador de tesouros, e isso também se justifica pela influência da mídia de entretenimento, filmes, animações deram ao arqueólogo um contorno lúdico e um pouco sensacionalista. Mas a questão é que não procuramos tesouros! A ciência arqueologia é pautada por procedimentos técnicos e por investigação científica que não objetiva o fetiche material, ou seja, trabalhamos com documentos e em busca do conhecimento para dar suporte a outras áreas como a história, a sociologia, a antropologia e a geografia.
Também não procuramos dinossauros!
Pois é! Ainda hoje muita gente acha que o arqueólogo é o profissional que escava dinossauros, e na verdade não é. A ciência que estuda os Dinossauros é a Paleontologia, um ramo próximo, com métodos de campo semelhantes, mas diferente em seu objeto de pesquisa. A Paleontologia estuda os seres vivos fossilizados e em processo de fossilização, ficando com a Arqueologia a dimensão humana, suas produções e relações sociais.
Tipos de arqueologia
A dimensão do campo de pesquisa da arqueologia é muito amplo e se estende através da temporalidade dos objetos de estudo a tipologia e as interações com outros campos do conhecimento o que torna a área extremamente diversificada. Por isso a definição de uma tipificação da arqueologia é muito complexa. Se analisarmos os grupos de pesquisa da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB) encontraremos ali mais de 40 grupos diferentes e que caracterizam subáreas, entre elas: Arqueologia quilombola, Arqueologia de contrato, Bioarqueologia, Arqueologia do presente, etc.
Podemos ainda localizar em uma rápida zapiada pela internet outras tipificações: Arqueologia experimental, Arqueologia industrial, Arqueologia urbana, Arqueologia submarina, Arqueologia histórica, Arqueologia pré-histórica, Astroarqueologia, Etnoarqueologia, Arqueologia de Gênero, Arqueologia da Paisagem, Arqueozoologia, entre outras.
A inter e a multidisciplinaridade inerente a questão do objeto de estudo é que torna a Arqueologia tão ampla e diversificada e em constante construção na busca do conhecimento.