Nos primeiros dias do mês de março de 2021 foram realizadas linhas de caminhamento nas margens do Rio Uruguai no município de São Borja - RS com o objetivo de identificar e mapear sítios de superfície que nos possibilitem uma caracterização arqueológica do espaço geográfico ribeirinho.
A metodologia de campo foi a da arqueologia espacial e da paisagem com adoção de referenciais cartográficos e ambientais. Considerando a baixa do rio a oportunidade possibilitou uma visão sincrônica de vestígios diversos e com uma temporalidade muito ampla.
A perspectiva da Arqueologia Espacial e da Paisagem permite uma identificação bastante dinâmica do processo de descarte material ao longo do tempo em considerando as características sócio-antropológicas da região.
"A arqueologia da paisagem possui como estratégia de pesquisa a mínima intervenção no registro arqueológico, na tentativa de inferir sobre o modo de ocupação das populações que habitaram o território onde se insere o sítio arqueológico, analisando, além de artefatos arqueológicos, os vestígios e intervenções encontrados no entorno do sítio. A tentativa de preservação do patrimônio arqueológico in situ ou de mínima intervenção, provém de um histórico de escavações que em um primeiro momento privilegiava apenas os aspectos estéticos dos objetos e/ou estruturas e, em um segundo momento, a prática da escavação exaustiva, esgotando ao máximo o estudo do sítio arqueológico." (HONORATO, 2009)
A arqueologia desta forma permite a identificação dos sítios com a preservação in loco , dialogando assim com as abordagens geográficas e sociais na perspectiva da sustentabilidade.
"A arqueologia da paisagem é uma metodologia de pesquisa que considera não apenas os artefatos arqueológicos encontrados nos sítios, mas também todo um contexto ambiental, utilizando os geoindicadores arqueológicos, que podem fornecer uma série de informações e de evidências sobre as ocupações pré-históricas."
Superando o antigo fetiche pelo objeto a arqueologia espacial e da paisagem dialoga com os grupos humanos de ontem e hoje por visualizar o artefato no tempo presente, e proporcionar essa possibilidade do artefato ser ressignificado no contexto atual.