“A etnoarqueologia é uma especialidade da arqueologia que estuda sociedades contemporâneas para testar hipóteses, formular modelos interpretativos e teorizações sobre a relação entre as pessoas e o mundo material. Ela surgiu da prática arqueológica de utilizar o dado etnográfico para embasar interpretações sobre os contextos arqueológicos…” (SILVA p. 122, 2011)
Essa dinâmica oferecida nos estudos de Silva (2011) contempla a necessidade de aprofundamento técnico e teórico para o estudo dessas comunidades. Para além do campo teórico as técnicas de campo se coadunam na necessidade de desenvolver pesquisas que contemplem um campo específico da historiografia que o processo de pós abolição. Nesse espaço de dialogo e ação, as narrativas daqueles que são os protagonistas de suas histórias ganha força como documento vivo e prova material de uma trajetória formativa que consolida a existência e o reconhecimento dessas comunidades.
Essa necessidade de aproximação, de técnica e teoria, se dá no âmbito da realidade apresentada na dinâmica de pesquisa, ao se tratar de um estudo de comunidades atuais, comunidades remanescentes de quilombo que encontram em sua ancestralidade e territorialidade a matriz de uma cultura do presente. A aproximação de que falamos é o campo da pesquisa sócio-histórica, com as narrativas pessoais, a historiografia, a arqueologia e a antropologia.
“No caso brasileiro, a Etnoarqueologia aqui praticada tem a característica de não ignorar processos sócio-históricos ligados aos contatos interétnicos e às mudanças socioculturais deles decorrentes. Por este motivo não é raro constatar pesquisas etnoarqueológicas sintonizadas com a reivindicação de direitos dos grupos com os quais os arqueólogos trabalham.” (EREMITES DE OLIVEIRA, p.3 , 2014)
Essa sintonia se torna salutar em um processo de pesquisa que tem como fundo o combate ao racismo, a ratificação de políticas públicas para a erradicação dos preconceitos e o reconhecimento dos saberes e fazeres dessas comunidades.
A produção do conhecimento para além das relações de poder apresenta algumas formulações contemporâneas sobre esse fazer arqueológico como: Arqueologia da Descolonização, Arqueologia da Resistência, Arqueologia Comunitária, Arqueologia Pública, Arqueologia Social, Arqueologia do Presente todas com o intuito de fornecer novos referenciais teóricos para o reconhecimento da diversidade cultural.
O percurso das famílias quilombolas no pós-abolição é o grande objetivo dos estudos de etnoarqueologia quilombola, mapeando o processo migratório de negros e negras e a contribuição fundamental da população negra na formação sociocultural do Rio Grande do Sul.
Bibliografia utilizada:
EREMITES DE OLIVEIRA, Jorge. Diálogos extramuros entre Antropologia Social e Arqueologia: o uso da Etnoarqueologia para a produção de laudos sobre terras indígenas na região Centro-Oeste do Brasil. In: 29ª REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA. Natal. 2014
SILVA, Fabíola Andréa. Etnoarqueologia: uma perspectiva arqueológica para o estudo da cultura material. In: MÉTIS: história & cultura – v. 8, n. 16, p. 121-139, jul./dez. 2009